10 de março 2018

10 de março 2018
Chamados, Amados e guardados

domingo, 15 de junho de 2025

O ULTIMO CLARÃO

 

O último clarão

 

          Teu brilho, que outrora iluminava caminhos, desvaneceu-se como uma lâmpada prestes a se apagar. Não há mais centelha na fiação que um dia pulsava energia. Agora, ela repousa inerte, fria, sem força. 

 

"A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz." (Mateus 6:22). 

 

Diz-me, então, o que acontece quando a luz se esvai dos olhos e tudo ao redor se torna apenas sombra? 

 

Já não há corrente que te sustente, nem faísca que reacenda o que foi perdido. O que era claro agora se dissolveu em penumbra, e tua alma, como um fio partido, espera por um sopro que a faça reviver. 

 

Mas lembra-te: "Porque contigo está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz." (Salmo 36:9). 

 

A noite pode parecer infinita, mas há uma promessa além da escuridão. O brilho que se foi pode retornar, se buscas a fonte verdadeira. Pois aquele que clama por luz jamais ficará na treva para sempre. 

 

Talvez este seja apenas um instante, um aviso, uma pausa entre o último clarão e o primeiro renascer. 

QUANDO JESUS CRISTO FOI ABANDONADO

Quando Jesus Cristo foi abandonado

 

Não foi apenas o corpo que se fez ausente entre os homens — foi a essência do compromisso, a fragilidade da lealdade humana que se revelou na hora escura. Semelhante é o destino de todo aquele que, ao doar-se, desperta a conveniência nos outros: enquanto o vinho é doce, todos estendem suas taças; mas quando a videira seca, o convívio se esvai.

 

É então que a presença se torna deserto, e a multidão, sombra. Aqueles que contigo brindavam sob o sol desaparecem quando a tempestade anuncia perda. Recolhem-se, não por malícia — mas por temor. Fogem para o “covil dos lobos”, onde se sentem seguros entre os seus iguais, onde o conforto da indiferença os poupa da coragem de ficar.

  

E tu, deixado à margem, descobres não a solidão, mas a verdade. Pois na ausência dos que partem, floresce a companhia do que é eterno — e essa companhia, silenciosa e austera, tem nome: consciência. 

 

Mas é quando a alma se vê exilada — quando o eco dos passos alheios se torna ausência — que Cristo, já não homem, mas símbolo, revela a nudez do amor verdadeiro: aquele que permanece quando tudo foge.

  

Pois há nos corações um pacto não dito: “apenas te acompanho até onde não me ameaças”. Eis o mandamento oculto dos que aplaudem enquanto são servidos, mas recuam quando se pressente a ruína. 

 

E no instante em que pressagiam a queda, voltam-se ao covil — esse abrigo de lobos disfarçado em salão de alianças frágeis — e ali, entre sombras e máscaras, renunciam ao compromisso como quem despe um manto que nunca lhes pertenceu.

  

Tu, no entanto, prossegues só — não porque és menos, mas porque és inteiro. O abandono, que aos fracos é dor, em ti se transfigura em claridade: és como a vela que, consumida, revela mais do que ilumina. 
E assim, o que resta não é desamparo, mas revelação. Pois quem caminha contigo só nos dias de júbilo, jamais te acompanhou de fato. 
“Quando Jesus Cristo foi abandonado”, não houve apenas a traição da carne, mas o êxodo dos que se diziam companheiros. 
A cruz não doeu tanto quanto a ausência súbita dos rostos que antes sorriam à mesa. “Alberto Caeiro” talvez dissesse: “Cristo foi deixado porque os homens têm medo das árvores sem sombra. Querem o calor, mas não o tronco que sangra.” 

 

“Ricardo Reis”, compenetrado, entoaria: “Não lamentes a fuga dos que se diziam fiéis — A sorte é instável, e o amor dos homens é feito de vento e cálculo. Sê como os deuses: solene, solitário, resignado.” 

 

“Álvaro de Campos” rugiria entre lágrimas e cigarros: “Estou farto de semi-ternuras, de lealdades de conveniência! Quando o mundo ruge, todos voltam aos seus buracos, e eu fico só, com a náusea dos abraços que foram empréstimos!” 

 

“Bernardo Soares”, arrastando as palavras num murmúrio lúcido, escreveria no silêncio: “O abandono me purifica. Ao me deixarem, deixaram também suas máscaras. Agora, sou eu — só, mas real.” E tu, que contemplas essa dança dos ausentes, descobres que o abandono é clarão. 
Pois o amor verdadeiro do risco, e a amizade não foge quando sente frio. 
E ao veres todos voltarem ao *covil dos lobos*, onde o conforto anula a coragem, 
Tu permaneces à beira do abismo — e é ali que o divino se aproxima

 

E é na hora extrema, quando a luz se apaga em torno e o frio se infiltra pelos cantos da alma, que os gestos esquecem o nome, e os nomes perdem rosto. Ficas tu — despido das ilusões alheias, envolto no manto austero da verdade.

 

“Alberto Caeiro”, com os pés descalços na terra úmida, sussurra: “As pessoas vão embora porque o céu muda de cor. Não querem olhar nuvens que prometem chuva. Só amam o campo quando ele floresce.”

  

“Ricardo Reis” ergue o cálice da resignação e decreta: “Tudo passa. Até os que juraram eternidade. Sê firme como quem compreende o fim antes do começo.” 

 

“Álvaro de Campos” explode em dor com a veemência do mundo moderno: “Não quero mais essa gente feita de hesitações! Que me abracem no trem bala da glória, mas saltem na primeira estação da aflição! Estou farto de almas passageiras!”

  

“Bernardo Soares”, calado em sua Lisboa fictícia, escreve no escuro: “A solidão é meu único cúmplice verdadeiro. Quando todos partem, ela permanece — imóvel, como um espelho que não nega reflexo.” 

 

“Fernando Pessoa”, o arquiteto de todos, insinua com sua lucidez inquieta: “Fui muitos, porque um só não me bastava. E mesmo assim, nenhum dos meus eus conseguiu me salvar da verdade: Que amar é ser abandonado — e ainda assim permanecer inteiro.”


PENSE NISSO!


CEZAR JUNIOR GOMES 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

TODOS RECEBEMOS UMA FERRAMENTA

Jeremias

Jeremias, submerso na escuridão do poço, não era apenas um homem lançado à lama—era o reflexo da alma humana em seu limite, o grito calado dos que persistem quando tudo parece ruir. Chamaste-me, Senhor, e eu te respondi; do fundo do abismo, ouviste minha voz. (Lamentações 3:55) O profeta, perdido na sua ruína, não negociou sua fidelidade. Se Deus era o eco distante que ressoava na sua alma, então ali, no lodo profundo, a fé não era escolha, mas sustento. E na quietude do poço, onde os olhos não veem horizontes e o silêncio pesa, Jeremias foi maior que os que o lançaram. A solidão do justo é, talvez, sua maior vitória. O fundo do poço—quem não o conhece? Pois cada homem que sente o peso da injustiça e o frio da desesperança carrega um pouco de Jeremias no peito. Mas não há poço que enterre a verdade, não há lama que cale um coração que arde. E assim, como o poeta que se dobra à tormenta e vê beleza na queda, Jeremias foi a palavra que não se afogou. E tu, que lês estas linhas, que funduras já enfrentaste? Talvez saibas que no mais escuro da alma é onde a fé, teimosamente, brilha. Pense nisso!

Eu desisto, mas ainda estou aqui

Eu desisto, tentei te alertar, mostrei caminhos, quis te guiar. Eu desisto, tentei te fazer ver, mas sei que cada um tem seu tempo de entender. Eu desisto, tentei te salvar, das tempestades, das dores do mar. Agora me sento, sem te forçar, mas ainda estou aqui, pronto pra te escutar. Se o mundo pesar, se tudo falhar, se as lágrimas teimarem em se derramar, não temas, não há solidão, pois minha amizade é porto, é chão. Não sou herói, nem posso mandar, mas sou abraço, sou lar pra voltar. Então, quando quiser, sem precisar pedir, saiba que estarei sempre aqui. Se a noite for fria e o medo chegar, se o silêncio pesar e o riso calar, lembre-se que há alguém pra te ouvir, pra segurar tua mão e te fazer sorrir. Amizade é laço que o tempo não corta, é farol que brilha quando a vida entorta. E mesmo que agora não queira aceitar, um dia talvez, vai querer me encontrar. Pense nisso! Cezar Jr Gomes

A cortina do mundo será aberta e o teatro está pronto.

A cortina do mundo será aberta e o teatro está pronto. No teatro grandioso da existência, onde os poderosos ascendem e declinam como sombras fugazes sob a égide do tempo, há uma verdade inexorável que se repete como um eco nas páginas sagradas da história: sem a direção divina, todo império erguido sobre alicerces de soberba e cobiça rui como um castelo de areia frente às marés impiedosas do destino. Observa-se, desde os registros primevos, que líderes, embriagados pela vaidade, entregam-se aos ditames de conselheiros pérfidos, cujas palavras são mel envenenado, doces à audição mas fatais à alma. Guiados por uma astúcia de origem nefasta, estes são arquitetos de quedas monumentais, tecendo redes invisíveis de engano, onde aqueles que governam, cegos por uma falsa magnificência, tornam-se presas fáceis da ruína. O ouro e a prata, ídolos mudos que os insensatos veneram, são maldição disfarçada. Queimam as mãos daqueles que os seguram com avidez e, ao final, são reduzidos a pó diante da inexorável justiça do Altíssimo. Não há segurança em riquezas acumuladas pelo engano, pois seu fim é destruição. De que vale um tesouro se ele se dissolve como névoa ao primeiro sopro divino? A soberba, companheira inseparável do amante do dinheiro, ergue um muro entre o homem e a sabedoria. Deus, em Sua infinita justiça, coloca tropeços no caminho dos arrogantes, para que, em sua queda, tenham a oportunidade de contemplar sua própria fragilidade e se voltem à retidão. Pois não há poder que subsista fora da vontade do Eterno, e não há glória que perdure se não for moldada por Suas mãos. Quem dera os soberanos da terra aprendessem com as lições de tempos idos e buscassem, não o conselho dos ímpios, mas sim a direção do Altíssimo. Pois, ao que anda segundo a Sua vontade, há prosperidade verdadeira, e ao que se entrega à sedução do ouro e do orgulho, há apenas ruína certa.

A Simplicidade da Gratidão

A Simplicidade da Gratidão Em cada aurora, o esplendor singelo, Reflexo da graça que desce do alto, Como bálsamo sutil e belo, Despertando o júbilo em cada recanto. A brisa que afaga, plácida e amena, Testemunha o alento que não se esvai. Eis a benevolência que tudo sustenta, Fiada na providência que jamais falha. A singeleza do gesto espontâneo, A elocução cândida de um coração sincero, Não jaz na opulência nem no mundano, Mas sim na essência do amor verdadeiro. Pois está escrito: *"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."* (1 Tessalonicenses 5:18) Pense nisso! Cezar Jr Gomes