Há uma corrupção moral que se infiltra nas estruturas da sociedade e envenena o senso de justiça: a inversão da honra. Quando se dá reconhecimento àqueles que não possuem história, o aplauso se torna profanação e o elogio, uma forma de injustiça. Tal ato não apenas desvirtua o mérito, mas conspira contra a verdade. Honrar quem não tem história é trair a memória dos que edificaram o caminho com lágrimas, fé e sacrifício; é desonrar os alicerces morais erguidos por mãos que jamais buscaram fama, mas fidelidade.
A honra, segundo a sabedoria bíblica, não é cortesia social, mas expressão da justiça divina. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, declara: “A quem honra, honra” (Romanos 13:7). Não se trata de um conselho humano, e sim de um princípio espiritual que sustenta a ordem moral do universo. A honra é a recompensa simbólica do caráter; é o reconhecimento visível do invisível. Quando concedida a quem não possui virtude, torna-se uma forma de idolatria, uma exaltação do efêmero em detrimento do eterno.
A filosofia também contempla esse dilema. Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco, definia a honra como o prêmio da virtude, mas advertia que ela perde sua pureza quando é dada sem critério moral. O homem deve ser honrado não por aquilo que ostenta, mas por aquilo que é. Santo Agostinho, refletindo em A Cidade de Deus, afirma que “a glória dos homens é vento, mas a glória de Deus é eternidade”. A honra humana, quando desvinculada da verdade divina, torna-se vento que passa e poeira que não permanece.
Cícero, o mestre da retórica e da moral romana, escreveu que “a história é testemunha dos tempos, luz da verdade e vida da memória”. Negar a história é apagar o testemunho do justo. Quando a sociedade passa a aplaudir o vazio, ela renega seus heróis silenciosos, substituindo a profundidade pela superfície, a substância pela aparência. O que antes era altar de reconhecimento converte-se em palco de vaidade.
O profeta Isaías advertia: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal” (Isaías 5:20). Essa inversão moral, descrita há milênios, repete-se em nossos dias sob novas formas. A cultura moderna, fascinada pelo brilho momentâneo, confunde prestígio com propósito e fama com fidelidade. A honra, quando concedida sem verdade, torna-se um ídolo esculpido à imagem da conveniência.
A honra, portanto, é mais que homenagem — é o selo do tempo sobre o caráter. Ela não se fabrica, revela-se; não se compra, conquista-se; não se impõe, vive-se. Sua autenticidade nasce da constância, e sua nobreza, da coerência.
O homem honrado não necessita ser lembrado; sua história o faz eterno. Já o que busca a honra sem ter caminho, vive de reflexos e sobrevive do esquecimento. Pois a verdadeira honra não se dá, conquista-se; não se impõe, revela-se; e não se compra, vive-se.
Pense nisso!
Cezar Jr Gomes
Nobre Amigo Pr Cezar Jr.
ResponderExcluirPosso então ao ler esse texto inspirar me em uma frase!
"A honra não caminha na passarela ou palcos do glamour, ela se apresenta desaparecendo no caminho da humildade."
Pr Reginaldo Antonio.
Deus abençoe seu dia.