10 de março 2018

10 de março 2018
Chamados, Amados e guardados

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

QUANDO A FACADA CHEGOU ATRASADA

 “Quando a Facada Chegou Atrasada”

 

Quando a facada chegou, já era tarde. Não porque o aço não soubesse o caminho, mas porque o espírito já conhecia a dor. Há feridas que não vêm da lâmina, mas do olhar que finge amizade enquanto prepara o golpe. Contudo, quando o coração já discerniu o teatro da falsidade, o punhal perde o poder de surpresa.

Eu já sabia. O discernimento é a couraça dos que caminham com Deus. O Espírito Santo sussurra antes que o traidor se levante da mesa. Ainda assim, não o expulsei — porque Jesus também não o fez. Olhei para o traidor e, em silêncio, recordei as palavras do Mestre: “Amigo, a que viestes?”.

Há um mistério nobre nessa resposta. Cristo, conhecendo o propósito de Judas, não o chamou de inimigo. Chamou-o amigo. Talvez porque os inimigos de fora não ferem tanto quanto os amigos de dentro. Ou talvez porque, na economia divina, até a traição serve a um propósito redentor. O beijo que Judas deu foi a assinatura da cruz, e a cruz, paradoxalmente, foi a vitória da graça.

A facada chegou atrasada, porque o coração já estava entregue. Nada fere aquele que já se sacrificou no altar da obediência. Os golpes dos homens não doem quando já fomos crucificados com Cristo. O sangue que escorre não é de derrota, mas de propósito.

E assim compreendi: há traições que são degraus. Há feridas que são revelações. E há dores que não vêm para destruir, mas para consagrar. O amigo que fere sem saber é, muitas vezes, o instrumento que Deus usa para nos conduzir ao Gólgota, onde o ego morre e a vontade do Pai triunfa.

Por isso, quando a facada chegou — atrasada e inútil — apenas sorri. Já não era ferida, era confirmação. E respondi, como o Mestre:

“Amigo, a que viestes?”

Pois quem anda com Deus entende — até o golpe faz parte da glória.

PENSE NISSO!

CEZAR JR GOMES

Nenhum comentário:

Postar um comentário