10 de março 2018

10 de março 2018
Chamados, Amados e guardados

terça-feira, 29 de julho de 2025

“A Dureza do Conselho Justo: Quando a Verdade Não Acaricia, Mas Cura”

“A Dureza do Conselho Justo: Quando a Verdade Não Acaricia, Mas Cura”  

A sabedoria divina, muitas vezes, apresenta‑se em forma de aconselhamento cujo sabor é amargo ao paladar humano. No entanto, como afirma o autor de Provérbios, “os ferimentos de quem ama são fieles, mas os beijos do inimigo são enganosos” (Provérbios 27:6). Há, pois, um valor intrínseco na correção amorosa, ainda que esta nos provoque desconforto.

A inevitabilidade do conselho difícil

Na trajetória de Davi, por exemplo, o profeta Natã não se furtou a apontar-lhe seu erro após o episódio com Bate‑Seba (2 Samuel 12:7–12). Ainda que doloroso, o confronto abriu caminho ao arrependimento genuíno e à restauração do rei. Assim, a testemunha sincera que denuncia o pecado praticado não busca humilhar, mas conduzir o irmão de volta à proteção divina.

Sabedoria vs. soberba

O livro de Provérbios adverte que “o caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio” (Provérbios 12:15). Aqui, nota‑se que a resistência ao conselho normalmente brota da soberba interna: o homem se julga auto‑suficiente, ignora o peso de sua limitação e repele qualquer instrução que o obrigue a rever seu modo de viver.

O valor formativo da correção

Hebreus 12:5–6 reforça essa perspectiva ao comparar a disciplina divina à de um pai amoroso: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se canse da sua repreensão; pois o Senhor corrige aquele a quem ama”. A repreensão, ainda que desagradável, revela‑se instrumento de crescimento moral e espiritual.

Caminhando na graça

Receber o conselho certo exige humildade para identificar‑se falível e coragem para acolher a verdade que corrige. É convite para que o caráter seja forjado na fornalha da correção e, assim, reflita com maior fidelidade a imagem do Criador.

Concluindo, não devemos buscar apenas o conforto momentâneo que as palavras doces oferecem, mas almejar o aprimoramento duradouro que brota do conselho honesto. Sejamos, pois, sensíveis à voz que, embora dolorida, nos guia pelo caminho da verdadeira sabedoria.


Pense Nisso!


Por Cezar Jr Gomes 

domingo, 27 de julho de 2025

A INGRATIDÃO DE QUEM O COLOCOU DE PÉ E O PROJETOU PARA SER UM HOMEM DE DEUS.

Tema: A Ingratidão de Quem Esqueceu Quem o Colocou de Pé e o Projetou para Ser um Homem de Deus

"Filho honra o pai, e o servo ao seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra?"

(Malaquias 1:6)

Há uma dor que não nasce no mundo, mas no coração dos céus: é a dor da ingratidão.

Não falo da ingratidão comum, cotidiana, mas daquela que brota no solo seco de corações que foram erguidos do pó, formados no fogo da disciplina, forjados na Palavra, e ainda assim se esqueceram daquele que os levantou quando ninguém acreditava neles.

Esquecer o que Deus fez... e por quem Deus usou

Há homens que andavam curvados, derrotados, sem nome, sem púlpito e sem direção. E Deus, com sua infinita misericórdia, levantou alguém: um pai espiritual, um discipulador, um pastor, um líder... um servo que se inclinou para erguer outro.

Mas agora, esse que foi levantado, caminha como se tivesse se erguido sozinho, como se fosse fruto de sua própria força e não de uma mão estendida em oração, lágrima e ensino.

Esquecer quem orou por você nas madrugadas, quem te corrigiu quando ninguém ousava, quem te apresentou à Palavra e ao altar, é desprezar o princípio da honra — e a honra não é apenas doutrina; é fundamento de autoridade espiritual.

“Não digas no teu coração: a minha força, e o poder do meu braço, me adquiriram estas riquezas. Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que é Ele o que te dá força para adquirires poder…”

(Deuteronômio 8:17-18)

Quando a projeção se torna soberba

A projeção de um homem de Deus nunca é autogerada — ela é concedida. E o erro de muitos é acreditar que por estar hoje em destaque, não precisam mais daqueles que foram seus fundamentos.

É como um edifício que rejeita o alicerce. É como um rio que despreza a nascente. É como Lúcifer, que quis subir ao trono esquecendo-se que foi criado pelo próprio Deus.

A ingratidão espiritual não mata de imediato, mas corrói silenciosamente a unção. Deus não divide sua glória com ninguém, mas também não tolera que homens levantados por outros desonrem suas raízes.

“Maldito o que desprezar seu pai ou sua mãe.”

(Deuteronômio 27:16)

(E isso vale também para pais espirituais.)

O homem de Deus que não honra sua origem... perde sua direção

Ninguém pode ser sustentado por Deus se não carrega o espírito de honra, gratidão e memória santa. Aquele que esquece quem o ungiu, quem lhe ensinou, quem o colocou de pé — se tornará alguém grande aos olhos dos homens, mas reprovado por Deus.

Há muitos hoje com seguidores, púlpitos e influência, mas com o céu fechado sobre a cabeça. Pois Deus não rejeita homens simples, mas rejeita corações soberbos e ingratos.

Conclusão: Honrar não é opção, é mandamento

Quem te levantou? Quem orou por você? Quem te suportou quando você ainda era apenas um vaso rachado no canto da oficina?

Volte a honrar.

Não seja como os nove leprosos que foram curados e seguiram seu caminho. Seja como o samaritano que voltou aos pés do Mestre. Porque quem volta para agradecer, recebe mais que cura — recebe salvação e aprovação.

“Onde estão os nove? Só este estrangeiro voltou para dar glória a Deus?”

(Lucas 17:17)


Pense nisso!


Por: Cezar Jr Gomes

Servo com Excelência: A Honra de Ser o Menor

 Servo com Excelência: A Honra de Ser o Menor

 

Na contramão de uma geração que busca holofotes e palmas, ressurge, das páginas santas, o perfil do servo segundo o coração de Deus: humilde, oculto, fiel e excelente. A Escritura Sagrada não exalta o que se exibe, mas o que se consagra; não engrandece o que domina, mas o que serve. Servir com excelência, portanto, é mais que ação  é disposição de alma.

 

Jesus, o Logos encarnado, lavou os pés dos discípulos, marcando com água e humildade a trilha do verdadeiro ministério: “Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou” (João 13:16). Servir é seguir os passos d'Aquele que, sendo Senhor de tudo, fez-Se servo de todos.

 

É o servo que, mesmo depois de haver feito tudo o que lhe foi ordenado, diz: “Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lucas 17:10). Não há vanglória no coração rendido. O serviço não é ocasião para engrandecimento pessoal, mas um altar de sacrifício, onde a carne é posta em silêncio e o Espírito age com poder.

 

A excelência do servo não se mede por títulos ou palmas, mas pela fidelidade em oculto, pelo zelo silencioso, pela reverência a seus líderes, conforme a exortação paulina: “Os presbíteros que presidem bem sejam considerados merecedores de duplicada honra” (1 Timóteo 5:17). Honrar os pastores e líderes espirituais não é mera etiqueta eclesiástica é mandamento.

 

Mais ainda: o apóstolo exorta que “tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens” (Colossenses 3:23). A excelência no servir brota do reconhecimento de que cada tarefa, ainda que aparentemente simples, é realizada diante do olhar atento de Deus.

 

Não se deve fazer nada por vanglória, ou movido por contendas, como nos adverte Filipenses 2:3: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” Eis o caminho estreito do serviço verdadeiro: despojado do ego, revestido de humildade.

 

O servo excelente não espera reconhecimento terreno. Ele sabe que “no Senhor, o seu trabalho não é vão” (1 Coríntios 15:58). Ele entrega-se com alegria, pois “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9:7). O servo excelente entende que sua recompensa está nas mãos do Senhor e não nos aplausos humanos.

 

Ele não se apressa em descansar enquanto o Senhor ainda trabalha: “Porventura dirá o senhor ao servo: Vem, assenta-te à mesa, antes de me servires?” (cf. Lucas 17). O servo espera seu Senhor concluir, porque sabe que o descanso verdadeiro está na obediência completa.

 

A excelência no serviço não é uma busca de status, mas de conformidade com o caráter de Cristo. O maior é o que serve. O primeiro, o que se faz último. E o que deseja ser grande no Reino, que se faça servo de todos.

Pense Nisso!

Por: Cezar Jr Gomes

sábado, 26 de julho de 2025

ALTARES EM CHAMAS: A SEDUÇÃO DO FOGO ESTRANHO E O CHAMADO À NÃO CONFORMIDADE

 📜 Título: Altares em Chamas: A Sedução do Fogo Estranho e o Chamado à Não Conformidade

 

🔥 Versículo Chave em Destaque:

  “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

(Romanos 12:2)

 

✝️ 1. A Urgência da Não Conformidade no Século Presente

 

Vivemos dias nos quais o tecido moral e espiritual da sociedade sofre corrosão acelerada, impulsionada por filosofias utilitaristas e visões antropocêntricas. O apóstolo Paulo clama por uma metamorfose da consciência — não um mero ajuste superficial, mas uma transfiguração profunda que nos separe da lógica do sistema mundano.

 

Conformar-se é abdicar da identidade celeste. É permitir que os moldes desta era corrompida definam o formato de nossas convicções e práticas. Contra esse espírito camaleônico, o evangelho ergue-se como resistência viva.

 

🕯️ 2. O Altar: Lugar de Fogo Autêntico

 

O altar não é palco, é ponto de encontro entre a terra e o céu. Nos tempos antigos, era no altar que o fogo divino descia, consumindo o sacrifício como selo da aceitação de Deus (Levítico 9:24). Porém, no episódio trágico de Nadabe e Abiú, vemos o oposto: “Tomaram, cada um o seu incensário, e puseram fogo nele... fogo estranho, que não lhes ordenara” (Lv 10:1). E o resultado foi fatal.

 

Eles não consultaram o céu. Improvisaram uma espiritualidade fabricada. Acenderam uma chama que Deus nunca autorizou — e foram consumidos por ela.

 

🕳️ 3. O Fogo Estranho de Nossos Dias

 

Nos púlpitos contemporâneos, o fogo estranho se manifesta em muitas formas:

 

Cultos performáticos destituídos de presença real;

 

Doutrinas antropocêntricas que exaltam o “eu” e silenciam a cruz;

 

Um evangelho de conveniência que remove a exigência do arrependimento.

 

 

É a substituição da glória por glitter. Do sacrifício por espetáculo. Da santidade por carisma.

 

🔍 4. Qual é o Fogo que Arde em Teu Altar?

 

Que tipo de fogo nos consome? Queimamos de zelo pela verdade ou de ambição por reconhecimento? O altar clama por autenticidade — por chamas que purificam, não que iludem.

 

O fogo verdadeiro vem de Deus e desce sobre corações quebrantados. É este fogo que transforma, consome o pecado e comunica vida. O fogo estranho, por sua vez, entretém — mas mata.

 

5. O Chamado é Claro: Não Vos Conformeis

 

Recusar o conformismo é submeter-se à renovação do Espírito. É nadar contra a corrente, mesmo que isso custe a popularidade, os convites ou os aplausos. É manter a integridade do altar acesa, mesmo que o mundo prefira tochas humanas.

 

O fogo legítimo ainda existe. E o altar verdadeiro ainda está de pé. Que sejamos encontrados com lenha limpa, azeite fresco e coração disposto a ser queimado — mas pela glória de Deus, não pela vaidade do homem.

 

📖 Encerramento Devocional:

 

> “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.”

(Levítico 6:13)


POR: CEZAR JR GOMES

 

ALTARES EM CHAMAS: O PERIGO DO FOGO ESTRANHO E A NÃO CONFORMIDADE COM O SÉCULO PRESENTE

 “Altares em Chamas: O Perigo do Fogo Estranho e a Não Conformidade com o Século Presente”

 

Na vastidão de um mundo cada vez mais submisso aos ditames de um espírito secularizado, torna-se imperativo, para o homem espiritual, recusar a mimetização com os paradigmas desta era corrompida. O apóstolo Paulo, com vigor exortativo, admoesta a Igreja em Roma: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2). A expressão aqui traduzida por "mundo" provém do grego aiōn, denotando não o cosmos físico, mas o sistema ideológico deste século — suas tendências, valores e inclinações decadentes.

 

O altar do Senhor, ao longo das Escrituras, é o locus da consagração, o espaço litúrgico onde a finitude humana encontra o infinito divino. No entanto, o que deveria ser espaço sagrado tem sido profanado por combustões espúrias, inflamadas não pelo sopro do Espírito Santo, mas pelo ego inflamado de homens que desejam holofotes e aplausos. Assim como Nadabe e Abiú, filhos de Arão, que ousaram oferecer fogo estranho perante o Senhor — "que Ele nunca lhes ordenara" (Lv 10:1) — muitos, em nossos dias, têm acendido labaredas não legitimadas pelo Céu.

 

O fogo do altar jamais deveria provir da invenção humana. No tabernáculo, o fogo original descera do alto (Lv 9:24); era divino em sua origem e santo em sua essência. Substituí-lo por um fogo de fabricação própria constitui uma afronta à santidade de Deus, uma profanação litúrgica que resulta, inevitavelmente, em juízo. Nadabe e Abiú foram consumidos pelo mesmo Deus a quem ousaram servir de maneira presunçosa.

 

Este episódio veterotestamentário ecoa como um alerta profético às lideranças eclesiásticas hodiernas, às quais frequentemente sucumbem à tentação de adornar seus púlpitos com entretenimento, doutrinas diluídas e rituais vazios de conteúdo bíblico, porém cheios de espetáculo humano. É o culto estético que substitui a adoração autêntica. É o altar cheio de fumaça, mas sem presença.

 

Que tipo de fogo arde no altar do teu coração? É aquele que consome o pecado ou que massageia o ego? É chama santa que transforma ou combustão estranha que ilude?

 

Não te conformes, portanto, com um cristianismo culturalmente aceito, moralmente conveniente e teologicamente domesticado. A não conformidade não é um capricho revolucionário, mas uma imposição escatológica para aqueles que almejam ver a face de Deus. Resistir ao século presente é reavivar o altar com lenha da Palavra, com óleo da unção genuína e com fogo procedente do trono do Altíssimo.

 

Enquanto muitos acendem tochas estranhas em nome de Deus, poucos permanecem com os olhos fixos na sarça que arde e não se consome. O verdadeiro altar ainda está de pé. E o fogo legítimo ainda desce — mas somente sobre sacrifícios puros.


POR: CEZAR JR GOMES

quinta-feira, 24 de julho de 2025

"Altares em Perigo e a Palavra Perdida: Um Diagnóstico Eclesiológico da Espiritualidade Emudecida"

 "Altares em Perigo e a Palavra Perdida: Um Diagnóstico Eclesiológico da Espiritualidade Emudecida"

 

Nos corredores sombrios de uma espiritualidade corroída pela liturgia automatizada e pelo culto à performance, ecoa um clamor silenciado: os altares estão em perigo, e a Palavra, antes central, agora jaz esquecida dentro da própria Casa. O que deveria ser trono de glória converteu-se em palco de vaidade; o púlpito, de onde fluía o conselho eterno, tornou-se palanque para o ego.

 

Tal fenômeno, embora revestido de aparência piedosa, é reminiscente do drama narrado em 2 Reis 22, onde, após anos de negligência sacerdotal, a Lei do Senhor foi redescoberta dentro do próprio Templo. A revelação é, ao mesmo tempo, escandalosa e simbólica: a Palavra estava perdida onde jamais poderia ter sido esquecida. O Templo, suposto guardião do oráculo divino, tornara-se cemitério de revelações.

 

Altares em perigo não são apenas estruturas físicas ameaçadas por infiltrações ou abandono arquitetônico. São representações metafísicas da fragilidade da adoração autêntica, comprometida pelo secularismo disfarçado de liturgia. A oferta perdeu seu sangue, o incenso perdeu seu aroma, e os olhos perderam o temor. Oferece-se fogo estranho com vestes santas, e as mãos consagradas agora manipulam a Palavra como retórica, não como espada.

 

A ausência da Palavra — não em livros, mas no centro do ser — sinaliza a eclipse teológica do nosso tempo. Pregações antropocêntricas substituíram a exposição reverente das Escrituras. O culto tornou-se ensaio teatral, e a adoração, espetáculo estético. Com isso, erguem-se altares que Deus não reconhece, pois foram construídos para homens, não para Ele.

 

O altar em perigo denuncia uma adoração desorientada. A Palavra perdida evidencia um povo sem direção. A Casa continua cheia, mas a Glória já partiu — Ichabod. É necessário que, como Josias, rasguemos não apenas as vestes, mas os corações. Que choremos não por nossos projetos frustrados, mas por termos perdido a Palavra no lugar onde ela deveria ser a única voz.

 

Este é um chamado urgente, não a reformas estéticas, mas a reconstruções espirituais. A restauração dos altares não começa com luzes, microfones e adornos, mas com arrependimento, temor e centralidade da Escritura. A Casa deve voltar a ser lugar de Palavra e Presença, onde o altar não é palco, mas monte santo.

 

PENSE NISSO!

 

Por: Cezar Jr Gomes

quarta-feira, 23 de julho de 2025

A ORIGEM E ESSÊNCIA DA RELAÇÃO HUMANA.

Na tessitura delicada das relações humanas, a amizade emerge como um dos mais sublimes e complexos vínculos que a existência pode oferecer. Sua essência transcende a mera convivência, adentrando o território do afeto genuíno, da compreensão mútua e do apoio incondicional. Em um mundo marcado por incertezas e efemeridades, a amizade verdadeira se revela como um oásis de estabilidade e esperança, uma âncora que sustenta a alma diante das tempestades da vida.

Entretanto, a busca por amizades autênticas muitas vezes se depara com obstáculos intricados, como as máscaras sociais, interesses ocultos e a superficialidade que permeia as relações modernas. Essas dificuldades exigem uma reflexão profunda sobre o valor real da amizade, que não se mede por conveniências momentâneas, mas pela profundidade do compromisso e pela sinceridade do coração.

Na poesia da vida, a amizade assemelha-se a uma prosa carregada de significados, onde cada palavra, cada gesto, revela a essência do que é ser verdadeiramente próximo de alguém. É uma conexão que, embora silenciosa às vezes, fala alto na linguagem do respeito, da lealdade e do amor desinteressado. Assim, a amizade se torna uma dádiva rara, uma joia preciosa que deve ser cultivada com dedicação e reverência.

Do ponto de vista bíblico, a amizade encontra respaldo em ensinamentos que exaltam a fraternidade e o amor ao próximo. O exemplo de Jesus Cristo, que considerava seus discípulos como amigos e os tratava com misericórdia e compaixão, serve de paradigma para a construção de vínculos sólidos e autênticos. A amizade, segundo as Escrituras, é uma expressão do amor divino, uma manifestação da graça que nos convida a sermos melhores e a valorizarmos o próximo como a nós mesmos.

Portanto, ao refletirmos sobre o valor da amizade, percebemos que ela é mais do que uma simples relação social; é uma ponte que conecta almas, uma expressão de virtude e uma oportunidade de crescimento espiritual. Em tempos de adversidade, ela se revela como um refúgio sagrado, uma fonte inesgotável de esperança e de renovação. Assim, cultivar amizades verdadeiras, fundamentadas na ética e na fé, torna-se uma missão de vida, uma busca incessante por algo mais valioso do que bens materiais: a essência do amor fraterno.

PENSE NISSO!

 

POR: CEZAR JR GOMES

segunda-feira, 21 de julho de 2025

SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DE A SOMBRA REFLETIR A LUZ

 Sobre a Impossibilidade de a Sombra Refletir a Luz 


Santidade — essa excelsa condição que transcende a tangibilidade do mundo fenomênico — não se adquire por osmose moral, tampouco se ostenta como emblema litúrgico vazio, mas se forja no crisol da renúncia, na clausura voluntária do eu e na perseverança ascética diante das concupiscências hodiernas.


Aquele que ousa arvorar-se em paradigma de santidade sem que tenha crucificado os desvarios da carne com suas pulsões labirínticas, não é senão um simulacro — ornado de retórica, mas desprovido da substância que sustenta o espírito.


O pecado, ainda que disfarçado de virtude por meio da indulgência cultural, jamais poderá ser epítome da santidade, pois é ontologicamente antagônico a ela. Assim como a treva jamais pode ser variante tênue da luz, tampouco a iniquidade pode ser variante tolerável do santo.


Ser exemplo de santidade não é apenas guardar uma compostura comportamental. É ser habitáculo do Altíssimo, onde o verbo se encarna em conduta, e o etéreo torna-se praxis.


O exemplo legítimo de santidade é aquele cuja alma, em sua tessitura, foi lavada pelo sangue expiatório e cujas intenções passaram pelo cadinho da verdade. Não se mede pela pompa, pela posição ou pelo verbo adornado, mas pela coerência entre o invisível crido e o visível vivido.


Não há como haurir santidade de um solo conspurcado. A raiz que floresce em lama, ainda que traga perfume, não é pura — é anomalia.

“Sede santos, porque Eu sou santo” — não é metáfora: é um imperativo celeste (1 Pedro 1:16).

Que jamais sejamos faróis de névoa: visíveis à distância, mas inaptos a guiar.



Pense Nisso!


Cezar Jr Gomes

domingo, 20 de julho de 2025

"O FRAGIL LEGADO"

 "O Frágil Legado"

 

Ai dos que impõem as mãos com leviandade,

dos que ordenam sem zelo,

dos que sem discernimento multiplicam ministérios

como quem semeia espinhos em terra fértil.

 

Levantam-se tronos sobre areia movediça,

edificam castelos sobre vaidade e presunção,

ungem o imaturo, o insubmisso,

e chamam isso de visão.

 

Não discernem o tempo da prova,

nem conhecem o peso da unção.

Transformam púlpitos em palcos,

e a formação em deformação.

 

Como Nabucodonosor erguiam estátuas de ouro,

mas o ouro é de latão,

e a glória que ostentam se despedaça

ao som da trombeta da correção.

 

Estes líderes são como pastores que jamais cuidaram do rebanho,

mas reproduzem sua negligência em escala,

forjando discípulos sem cruz,

apóstolos sem altar,

profetas sem joelhos,

evangelistas sem lágrimas,

mestres sem doutrina,

e pastores sem amor.

 

Porque se esqueceram do que está escrito:

“Não seja mestre muitos de vós, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tiago 3:1).

Mas fazem-se mestres sem temor,

e com a mesma pressa com que subiram, cairão.

 

Oh geração que forma líderes como o ferro forja o barro,

sem fornalha, sem moldura, sem tempo!

Fazem da impaciência um método,

e do pragmatismo um evangelho.

 

Mas virá o tempo — e já é chegado —

em que o Senhor dos Exércitos visitará os altares profanados,

e as mãos apressadas serão pesadas na balança da santidade.

E ouvirão como Belsazar:

“Pesado foste na balança, e foste achado em falta” (Daniel 5:27).

 

Oh, que volte o temor aos formadores de homens!

Que se ensine mais o quebrantamento que a técnica,

mais o secreto que o espetáculo,

mais a Palavra que a performance,

mais o caráter que a competência.

 

Pois só permanece o que é gerado no fogo da renúncia,

e só lidera de verdade quem primeiro foi liderado por Deus.


PENSE NISSO!

POR: CEZAR JR GOMES

sábado, 19 de julho de 2025

Quando a Noite Chegar

 Quando a Noite Chegar

(Poema lírico-profético com linguagem bíblica)

 

Há os que amam o brilho do latão,

e o tomam por luz verdadeira.

Correm trás o que reluz,

mas não conhecem a lâmpada inteira.

 

Dizem: “Vede! Como resplandece!”

e ajuntam-se aos montes, com palmas e festa.

Mas não discernem que o reflexo do dia

é vão, e em nada lhes resta.

 

Porque a luz verdadeira, que arde sem barulho,

anda entre os homens, e os homens não a conhecem.

Ela não grita nas praças,

nem faz comércio de promessas que enfraquecem.

 

Mas o tempo virá — e já está perto —

em que a noite lançará seu manto.

E os que se guiavam por ouro falso

tropeçarão em trevas, em pranto.

 

Pois o lobo espreita onde o brilho é vão,

e devora os que não têm lâmpada no coração.

E o latão que reluzirá ao sol

será escuridão quando findar o arrebol.

 

Bem-aventurados os que têm azeite em secreto,

que acendem suas candeias no Espírito e na Verdade.

Porque quando soar a hora nona,

estarão firmes na eternidade.

 

Mas os que buscaram luz que apenas agrada,

verão que a sua glória era só fachada.

E naquele dia, dirão:

"Senhor, Senhor!", mas Ele não os reconhecerá.


Por: Cezar Jr. Gomes

A Luz que Brilha no Latão

A Luz que Brilha no Latão

(Poema lírico com ironia)

 

Buscam fulgor no metal polido,

reflexo raso, brilho fingido.

A luz que em si mesma arde e guia —

ah, essa cega à luz do dia!

 

Pois quem reluz, mas não ilumina,

serve à vaidade, não à sina.

A turba aplaude o falso ouro

e esquece o Sol — luz sem decoro.

 

Enquanto o dia canta alto,

a luz do latão sobe ao palco.

E a verdadeira, calma e serena,

passa ao lado... ninguém a pena.

 

Mas ai! Quando cair a noite,

com lobo à espreita e alma à foice,

quem brilhará em meio ao breu?

O latão ou o céu?

 

A chama pura, mesmo esquecida,

será farol na hora da partida.

E o que reluzia só na festa

verá a treva lhe cobrar resposta.


Por: Cezar Jr. Gomes

terça-feira, 15 de julho de 2025

Maldito o dia.

    "Maldito o Dia"


Maldito o dia em que vi a luz.

Maldita a noite em que disseram: “Nasceu um homem.”

Que esse dia não seja contado entre os dias do ano,

nem se ache entre os meses.

 

Por que me deixaste nascer, Senhor,

se a vida se tornou um fardo insuportável?

Por que me formaste no ventre,

se meu clamor hoje é por descanso e não por fôlego?

 

Como Jó, amaldiçoo meu nascimento.

Como Elias, peço que tome minha alma.

“Já basta, ó Senhor, tira minha vida,

pois não sou melhor do que meus pais.”

 

Meus olhos se fartam de lágrimas,

meu coração pesa como o chumbo,

e o silêncio me parece mais amigo

do que os muitos conselhos que não curam a alma.

 

Oh, quem dera fosse o sepulcro o meu leito,

e o pó, o meu consolo.

Pois no além, os cansados enfim descansam,

e os aflitos ouvem o som do esquecimento.

 

Mas ainda estou aqui...

Entre o respirar e o desejar parar.

Entre a dor que clama e o céu que silencia.

Esperando — não sei o quê. Talvez apenas… que acabe.



Cezar Jr Gomes.


sábado, 12 de julho de 2025

"O Silêncio que Ficou"

 “O Silêncio Que Ficou”


Por Pr. Cezar Jr. Gomes

 

Há dores que não gritam. Apenas ecoam.

Elas vivem no espaço entre o que fomos e o que poderíamos ter sido.

É o som do relógio que não para, mesmo quando a alma implora por um instante a mais.

Não dói apenas o que aconteceu — dói o que nunca chegou a ser.

 

E ali, no fim do corredor da memória, jazem os dias não vividos.

As palavras não ditas.

Os abraços que não foram dados.

Os sonhos que não ousamos sonhar por medo, ou por comodidade, ou por pensar que o amanhã sempre viria.

 

Mas o amanhã não veio do jeito que esperávamos.

E agora, o que temos não é tempo — é lembrança.

Não é estrada — é rastro.

 

A solidão, então, não é apenas estar só — é saber que ninguém pode viver o que deixamos de viver.

É caminhar entre rostos e não encontrar olhos que nos conheçam por dentro.

É estar presente no corpo e ausente na alma.

 

A angústia, essa sim, nos aperta o peito.

Ela vem como quem cobra uma dívida que não foi feita com dinheiro, mas com decisões.

E a moeda? O tempo.

Mas o tempo, esse mestre severo, não aceita trocas nem devoluções.

 

Quisera eu voltar.

Mas voltar não é mais possível.

A estrada que foi deixada para trás se desfez em pó.

Agora, resta o hoje — e uma alma cheia de “e se...”.

 

Mas mesmo assim, em meio a tudo isso, há um fio de luz:

Deus ainda está aqui.

E Ele, que vê além do que somos e conhecemos, ainda pode dar sentido ao que restou.

 

Porque, às vezes, uma vida inteira cabe em um instante de arrependimento verdadeiro.

E mesmo que não possamos voltar, podemos começar — com dor, sim, mas também com fé.

Porque enquanto houver fôlego, há esperança.

 

Pense nisso!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Quando o Desejo É Maior Que a Realidade: A Inutilidade dos Conselhos Diante do Coração Obstinado

        Quando o Desejo É Maior Que a Realidade: A Inutilidade dos Conselhos Diante do Coração Obstinado


Há momentos na existência humana em que o desejo se agiganta de tal forma que obscurece a percepção da realidade. O querer se torna tirano, e o conselho — ainda que sábio, múltiplo e fundamentado — torna-se inaudível aos ouvidos que já decidiram obedecer ao próprio impulso. Trata-se de uma das mais sutis e perigosas formas de cegueira espiritual: quando o coração se fecha à razão e se curva ao fascínio daquilo que deseja, não importando o custo, nem as advertências.


A Escritura não se cala diante dessa tragédia da alma. O livro dos Provérbios declara com clareza: “O caminho do insensato parece-lhe justo, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos” (Provérbios 12:15). O insensato, contudo, não rejeita o conselho por falta de informação, mas por excesso de obstinação. Ele ouve, mas não escuta; percebe, mas não discerne; vê a verdade, mas prefere o engano que o agrada.


Esse fenômeno é bem ilustrado na narrativa do jovem rico que se aproxima de Jesus buscando a vida eterna (Mateus 19:16-22). Ele recebe o conselho do próprio Filho de Deus: vender tudo, dar aos pobres e segui-Lo. Mas o seu desejo, mais forte do que a realidade do Reino que se lhe apresentava, o fez afastar-se triste. Ele estava pronto para ouvir, mas não para obedecer. A realidade do discipulado exigia renúncia, mas o desejo o amarrava às posses.


O apóstolo Paulo, em sua segunda carta a Timóteo, adverte que virão tempos em que os homens “não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4:3). Trata-se da era dos conselhos descartáveis: não se busca a verdade, mas confirmações; não se deseja a correção, mas aplauso para o próprio querer.


Quando o desejo supera a realidade, a alma entra em colapso. Torna-se surda ao discernimento e impermeável à sabedoria. Mesmo que cercado por multidões de conselheiros, o homem que já decidiu obedecer ao seu desejo fará ouvidos moucos às advertências. Sua mente está vencida antes mesmo que o erro aconteça.


Por isso, a Escritura nos chama não apenas a ouvir conselhos, mas a submeter o coração à verdade. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” — pergunta Jeremias (Jeremias 17:9). E a resposta vem do próprio Deus: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os pensamentos” (v.10). A cura para o desejo desgovernado não está em conselhos humanos, por mais numerosos que sejam, mas na rendição do coração ao Espírito de Deus.


Enquanto o desejo for o senhor, os conselhos serão apenas ruído. Mas quando o Espírito for o guia, até uma única palavra pode transformar um destino.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Ululato para quem? Para quem?

 No âmago da tessitura cognitiva, manifesta-se um impulso inexorável ao ululato (ululare - latin) moral, uma pulsão que transpõe as barreiras da complacência social. Esse ímpeto, carregado de veemência quase litúrgica, almeja descerrar véus de hipocrisia e expor as artimanhas de uma ficção consensual. Contudo, ergue-se um hiato entre a verve denunciadora e o receptáculo auditivo, haja vista a apatia generalizada que corro e a capacidade de escuta atenta. Surge, pois, o paradoxo: bradar na vastidão de uma plateia indiferente equivale a insuflar notas em um vazio sinfônico, um gesto de vã retórica cuja ressonância se perde no éter da indiferença.

No entremeio dessa encruzilhada existencial, o indivíduo, seduzido pela quimera do prestígio efêmero, abdica de sua autenticidade em troca de um efémero fulgor de vaidade. Assume, por brevíssimo interlúdio, o avatar do traído pelo poder ilusório de um status fabricado, deleitando-se no simulacro do reconhecimento alheio. Essa renúncia consubstancia-se tanto em cárcere voluntário quanto em exílio interior, pois a soberba passa a ditar a pauta das convenções interpessoais, subtraindo-lhe a capacidade de protesto genuíno.

Logo, imerge-se o ator social no dilema semântico: se o palco público recusa-se a acolher o clamor sincero, para que e para quem elevar o brado? Qual interlocutor existe quando se banalizou o ethos (carater moral - grego) da solidariedade e se reduziu a indignação a mera retórica de ocasião? Se o instante presente ostenta a efêmera oportunidade de revelação, é preciso indagar se não se trata apenas de um fragmento perecível, jovial fagulha prontamente consumida pela voracidade do tempo. Assim, a pergunta mais contundente não reside no conteúdo do protesto, mas na própria viabilidade de sua recepção: gritamos, enfim, ao acaso ou a um espectro de possíveis corações dispostos a escutar?

“Há, em mim, um bramido retido, um ululato capaz de rasgar as frágeis cortinas do simulacro social, mas que esbarra no martírio da indiferença. Esse clamor germina do solo árido da vaidade — retém-se nos estreitos porões da própria alma, como um eco que recusa dissipar-se por não encontrar ouvidos capazes de decifrar a sua urgência. Por vezes, entrego-me à quimera de um instante epifânico, crendo que bastaria erguer a voz para erfundir a hipocrisia que gruda aos pilares do cotidiano; mas logo percebo que todo fulgor de denúncia é devorado pelo voraz Tempo, e o brilho momentâneo se transmuta em cinza, sem que outra lufada de vento o adie.

Eis, pois, o cerne da questão: para que bradar, se o auditório universal recusou-se a abraçar o manifesto? A autenticidade, quando se conjuga na palavra irrefletida, corre o risco de converter-se em mera retórica ritual, tal qual um hieróglifo ininteligível àqueles que preferem o conforto da apatia. No entanto, subsiste uma ética do gesto — mesmo que o grito se perca no ocaso das convenções, ele persiste como ato inaugural de liberdade interior, pois o sujeito que ousa pronunciar a verdade, por mais incerta que seja sua repercussão, reafirma-se como artífice de si mesmo.

Assim, o brado autêntico não se dirige a um “eles” imaginário, mas a esse ser difuso que somos quando despertos do sonho coletivo. Gritar é um exorcismo do Medo, um rito em que a voz se dá como testemunha irredutível do instante vivido. E, caso não haja receptor sensível, resta ao brado a sua própria consumação: um sacrifício voluntário que consagra o proscrito encontro do ser com a sua própria ousadia.”

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Quem fala pelas costas, quem escuta e quem concorda.

 Quem fala pelas costas, quem escuta e quem concorda.

Quero aqui neste tema analisar brevemente e pontual minha conclusão ao olhar bíblico sobre o tema: venha comigo nesta pequena analise.

Análise Moral

A frase parece destacar dois comportamentos:

  • Quem fala pelas costas: é visto como desleal ou traiçoeiro.
  • Quem escuta e concorda: mesmo diante da verdade, acaba sendo cúmplice ao validar a difamação sem confrontar ou defender a verdade de forma justa.

Ou seja, a crítica principal está no ato de compactuar com a maldade, mesmo passivamente. Isso revela como o silêncio ou o apoio implícito podem perpetuar injustiças sociais e pessoais.

Difamação é crime

No Brasil, o Código Penal trata disso com clareza:

  • Difamação (Art. 139): atribuir fato ofensivo à reputação de alguém.
  • Pena: detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Além disso:

  • Calúnia (Art. 138): acusar falsamente alguém de um crime.
  • Injúria (Art. 140): ofender a dignidade ou o decoro de alguém diretamente.

Ou seja, falar mal pelas costas, dependendo do conteúdo, pode sim configurar crime — ainda mais se espalhado com intenção de prejudicar.

Uma provocação

Será que quem escuta e concorda está apenas sendo omisso… ou está reforçando a injustiça de forma ainda mais velada? A frase nos convida a pensar sobre nossa responsabilidade moral, mesmo quando só estamos ouvindo.

O papel do espectador: omissão ou cumplicidade?

  • A omissão pode ser um tipo de consentimento silencioso. Quando alguém escuta uma injustiça sendo dita — mesmo que não tenha iniciado a fala — o simples fato de não reagir pode ser interpretado como apoio.
  • “Quem cala consente”? Nem sempre, mas muitas vezes, o silêncio diante da maldade acaba protegendo o agressor, não a vítima.

A ética da escuta

  • Responsabilidade moral implica reconhecer que a verdade e a dignidade alheia merecem defesa, mesmo que isso custe desconforto social.
  • Ouvir é um ato ativo. Quem escuta tem o poder de interromper a cadeia da difamação — seja confrontando, desviando o assunto ou não repassando adiante.

Efeitos sociais do silêncio

  • O silêncio legitima padrões tóxicos de comunicação.
  • Cria um ambiente onde a verdade se dilui e a reputação de outros vira moeda de troca para entretenimento ou poder.

Em palavras mais filosóficas…

“Não tomar partido diante de uma injustiça é, em si, tomar o partido do opressor.” – Essa ideia, inspirada em vozes como a de “Desmond Tutu”, primeiro arcebispo negro da cidade do cabo e ganhador do prêmio Nobel da paz em 1984 nos lembra que a neutralidade pode ser uma escolha com peso moral. Ele não ficou calado diante do perigo a própria vida escolheu um lado com muita sabedoria e responsabilidade.

A ética da omissão: entre o silêncio e a responsabilidade

A omissão diante de uma difamação não é um ato neutro. Em contextos éticos, "não agir" pode equivaler a agir — especialmente quando o silêncio contribui para a perpetuação de uma injustiça. Esse tipo de postura nos coloca em uma encruzilhada moral: entre o conforto da passividade e a coragem da integridade.

Por que o silêncio é eticamente relevante?

  • Valida o agressor: ao não se opor à difamação, o ouvinte pode parecer endossar implicitamente a ofensa.
  • Condena a vítima novamente: o silêncio reforça o isolamento da pessoa difamada, que já sofre com a destruição de sua reputação.
  • Rompe vínculos de confiança: quando amigos, colegas ou familiares não reagem a difamações, criam-se fissuras éticas nas relações humanas.

Filosofia moral e omissão

Alguns pensadores se debruçaram sobre esse dilema:

  • Hannah Arendt, ao falar sobre o “banal do mal”, mostrou como pessoas comuns, ao se omitirem, podem alimentar sistemas injustos.
  • Kant, com seu imperativo categórico, propõe que devemos agir apenas segundo princípios que poderiam se tornar leis universais. Ou seja, se todos se omitirem diante da injustiça, que mundo restaria?

Em situações cotidianas…

Imagine esta cena: você está em uma roda de conversa e alguém começa a espalhar informações prejudiciais sobre um colega. Mesmo sabendo que aquilo é injusto — ou exagerado — você escolhe apenas escutar. A ética da omissão pergunta: o que esse silêncio diz sobre seus valores?

Caminhos éticos possíveis diante da difamação:

  • Intervir educadamente: “Acho que essa pessoa merecia estar aqui para se defender.”
  • Redirecionar o foco: Mudar o assunto com elegância pode cessar a corrente difamatória.
  • Conversar depois com quem foi alvo: Um gesto solidário que reafirma vínculos de confiança.

A ética, nesse caso, não exige perfeição — mas convoca à consciência. E nesse mundo saturado de vozes, escolher quando falar (e quando não se calar) pode ser um dos atos mais humanos que há.

Caso 1: Comentários ofensivos no Facebook

Uma enfermeira foi acusada publicamente, em uma rede social, de maus-tratos a idosos. A autora das postagens foi responsabilizada judicialmente por difamação. No entanto, colegas que viram os comentários e não se manifestaram, mesmo sabendo da falsidade das acusações, foram criticados por omissão moral — pois seu silêncio contribuiu para o linchamento virtual da profissional.

Caso 2: Difamação no ambiente de trabalho

Um superior hierárquico espalhou boatos de que um funcionário era “preguiçoso” e “incompetente”, sem qualquer base factual. Outros colegas ouviram essas falas e concordaram ou riram, mesmo sabendo que eram injustas. Embora não tenham sido processados, sua omissão foi vista como cumplicidade ética, pois reforçaram o ambiente tóxico e permitiram que a reputação do colega fosse destruída.

Caso 3: Redes sociais e o “tribunal da internet”

No caso da atriz Klara Castanho, informações íntimas foram expostas sem consentimento, gerando uma onda de difamação online. Muitos influenciadores e internautas compartilharam ou assistiram em silêncio, mesmo sabendo da gravidade da exposição. A omissão coletiva foi amplamente criticada como falta de empatia e responsabilidade ética, pois o silêncio ajudou a perpetuar o dano moral.

O que esses casos nos ensinam?

  • Omissão pode ser moralmente reprovável, mesmo que não configure crime.
  • Em ambientes digitais, o silêncio diante da difamação amplifica o dano.
  • A ética exige mais do que não difamar: exige posicionamento consciente.

Conclusão com base cristã e bíblica

A Bíblia nos chama a sermos luz do mundo e sal da terra (Mateus 5:13-16), o que inclui nossas palavras, nossas reações e até nossos silêncios. Diante da difamação, o cristão não pode se esconder na neutralidade. O amor ao próximo exige posicionamento ético e espiritual.

Princípios bíblicos que nos orientam:

  • “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo” (Levítico 19:16) — Deus condena a fofoca e a difamação como práticas que destroem a comunhão.
  • “A morte e a vida estão no poder da língua” (Provérbios 18:21) — Nossas palavras (ou a ausência delas) têm consequências eternas.
  • “Seguindo a verdade em amor” (Efésios 4:15) — Devemos confrontar o erro com firmeza, mas sempre com compaixão.
  • “Bem-aventurados os pacificadores” (Mateus 5:9) — Somos chamados a promover reconciliação, não divisão.

Como agradar a Deus nessas situações?

  • Não ser cúmplice do mal: O silêncio diante da injustiça pode ser pecado de omissão (Tiago 4:17).
  • Corrigir com mansidão: Se alguém difama, podemos exortar com amor, buscando restaurar, não humilhar (Gálatas 6:1).
  • Proteger a reputação do próximo: Assim como gostaríamos que fizessem conosco (Lucas 6:31).
  • Orar por sabedoria: Nem sempre é fácil saber como agir, mas o Espírito Santo nos guia (Tiago 1:5).

Em resumo:

A ética cristã nos chama a sermos agentes de verdade, justiça e misericórdia. Não basta não difamar — é preciso defender a honra do próximo, mesmo quando isso nos custa conforto ou aceitação social. Agir assim é agradar a Deus, pois refletimos o caráter de Cristo, que nunca se omitiu diante da injustiça.

Um Devocional para aplicar: “Quando o Silêncio Fere”

Texto base: "Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado." — Tiago 4:17

Reflexão

No corre-corre do dia, é fácil ouvir um comentário maldoso e fingir que não é conosco. Mas diante de Deus, o que parece neutralidade pode ser covardia. Quando ouvimos uma difamação e escolhemos o silêncio, deixamos de defender a justiça, o amor e a verdade — valores centrais do Reino de Deus.

Jesus não se omitiu diante do erro. Ele confrontou fariseus, protegeu a mulher adúltera e acolheu os excluídos. Como imitadores de Cristo, somos chamados a nos posicionar — não para julgar, mas para proteger, restaurar e amar.

Uma Oração

Senhor, dá-me coragem para não me calar quando a verdade estiver sendo ferida. Que meu coração se mova pela compaixão e minha boca fale com sabedoria e mansidão. Não me deixes ser cúmplice do mal por covardia ou indiferença. Quero ser instrumento de paz, luz em meio à escuridão. Em nome de Jesus, amém.

Estudo Bíblico: Ética da Omissão e o Cuidado com a Língua

1. O poder da palavra

  • Provérbios 18:21 — “A morte e a vida estão no poder da língua.”
  • A língua pode curar ou destruir. Mesmo quem ouve e se cala tem participação nesse poder.

Pergunta para reflexão: Em quais situações minhas palavras ou omissões feriram alguém?

2. O pecado da omissão

  • Tiago 4:17 — “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.”
  • Pecar não é apenas fazer o mal, mas recusar-se a fazer o bem.

Pergunta para reflexão: Quando deixei de agir por medo ou comodismo?

3. Proteger e restaurar, não condenar

  • Gálatas 6:1 — “Se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, devem restaurá-lo com espírito de mansidão...”
  • O foco bíblico não é punir, mas restaurar com amor.

Pergunta para reflexão: Tenho usado minha voz para restaurar ou para alimentar o erro?

4. Exemplo de Cristo

  • João 8:1-11 — Jesus defende a mulher acusada e confronta os hipócritas.
  • Cristo nos ensina que justiça anda de mãos dadas com misericórdia.

Pergunta para reflexão: O que Jesus faria diante de uma difamação?

Aplicação prática

  • Corrigir com graça: Não se trata de “bater de frente”, mas de apontar caminhos melhores com amor.
  • Não repassar o erro: Se ouviu algo injusto, não alimente a corrente do mal.
  • Se posicionar com sabedoria: Às vezes, um simples “isso não me parece justo” já interrompe o ciclo da difamação.