“Altares em Chamas: O Perigo do Fogo Estranho e a Não Conformidade com o Século Presente”
Na vastidão de
um mundo cada vez mais submisso aos ditames de um espírito secularizado,
torna-se imperativo, para o homem espiritual, recusar a mimetização com os
paradigmas desta era corrompida. O apóstolo Paulo, com vigor exortativo,
admoesta a Igreja em Roma: “E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2). A expressão aqui
traduzida por "mundo" provém do grego aiōn, denotando não o cosmos
físico, mas o sistema ideológico deste século — suas tendências, valores e
inclinações decadentes.
O altar do
Senhor, ao longo das Escrituras, é o locus da consagração, o espaço litúrgico
onde a finitude humana encontra o infinito divino. No entanto, o que deveria
ser espaço sagrado tem sido profanado por combustões espúrias, inflamadas não
pelo sopro do Espírito Santo, mas pelo ego inflamado de homens que desejam
holofotes e aplausos. Assim como Nadabe e Abiú, filhos de Arão, que ousaram
oferecer fogo estranho perante o Senhor — "que Ele nunca lhes
ordenara" (Lv 10:1) — muitos, em nossos dias, têm acendido labaredas não
legitimadas pelo Céu.
O fogo do altar
jamais deveria provir da invenção humana. No tabernáculo, o fogo original
descera do alto (Lv 9:24); era divino em sua origem e santo em sua essência.
Substituí-lo por um fogo de fabricação própria constitui uma afronta à
santidade de Deus, uma profanação litúrgica que resulta, inevitavelmente, em
juízo. Nadabe e Abiú foram consumidos pelo mesmo Deus a quem ousaram servir de
maneira presunçosa.
Este episódio
veterotestamentário ecoa como um alerta profético às lideranças eclesiásticas
hodiernas, às quais frequentemente sucumbem à tentação de adornar seus púlpitos
com entretenimento, doutrinas diluídas e rituais vazios de conteúdo bíblico,
porém cheios de espetáculo humano. É o culto estético que substitui a adoração
autêntica. É o altar cheio de fumaça, mas sem presença.
Que tipo de
fogo arde no altar do teu coração? É aquele que consome o pecado ou que
massageia o ego? É chama santa que transforma ou combustão estranha que ilude?
Não te
conformes, portanto, com um cristianismo culturalmente aceito, moralmente
conveniente e teologicamente domesticado. A não conformidade não é um capricho
revolucionário, mas uma imposição escatológica para aqueles que almejam ver a
face de Deus. Resistir ao século presente é reavivar o altar com lenha da
Palavra, com óleo da unção genuína e com fogo procedente do trono do Altíssimo.
Enquanto muitos
acendem tochas estranhas em nome de Deus, poucos permanecem com os olhos fixos
na sarça que arde e não se consome. O verdadeiro altar ainda está de pé. E o
fogo legítimo ainda desce — mas somente sobre sacrifícios puros.
POR: CEZAR JR GOMES
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