"Maldito o Dia"
Maldito o dia em que vi a luz.
Maldita a noite em que disseram: “Nasceu um homem.”
Que esse dia não seja contado entre os dias do ano,
nem se ache entre os meses.
Por que me deixaste nascer, Senhor,
se a vida se tornou um fardo insuportável?
Por que me formaste no ventre,
se meu clamor hoje é por descanso e não por fôlego?
Como Jó, amaldiçoo meu nascimento.
Como Elias, peço que tome minha alma.
“Já basta, ó Senhor, tira minha vida,
pois não sou melhor do que meus pais.”
Meus olhos se fartam de lágrimas,
meu coração pesa como o chumbo,
e o silêncio me parece mais amigo
do que os muitos conselhos que não curam a alma.
Oh, quem dera fosse o sepulcro o meu leito,
e o pó, o meu consolo.
Pois no além, os cansados enfim descansam,
e os aflitos ouvem o som do esquecimento.
Mas ainda estou aqui...
Entre o respirar e o desejar parar.
Entre a dor que clama e o céu que silencia.
Esperando — não sei o quê. Talvez apenas… que acabe.
Cezar Jr Gomes.
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