Sobre a Impossibilidade de a Sombra Refletir a Luz
Santidade — essa excelsa condição que transcende a tangibilidade do mundo fenomênico — não se adquire por osmose moral, tampouco se ostenta como emblema litúrgico vazio, mas se forja no crisol da renúncia, na clausura voluntária do eu e na perseverança ascética diante das concupiscências hodiernas.
Aquele que ousa arvorar-se em paradigma de santidade sem que tenha crucificado os desvarios da carne com suas pulsões labirínticas, não é senão um simulacro — ornado de retórica, mas desprovido da substância que sustenta o espírito.
O pecado, ainda que disfarçado de virtude por meio da indulgência cultural, jamais poderá ser epítome da santidade, pois é ontologicamente antagônico a ela. Assim como a treva jamais pode ser variante tênue da luz, tampouco a iniquidade pode ser variante tolerável do santo.
Ser exemplo de santidade não é apenas guardar uma compostura comportamental. É ser habitáculo do Altíssimo, onde o verbo se encarna em conduta, e o etéreo torna-se praxis.
O exemplo legítimo de santidade é aquele cuja alma, em sua tessitura, foi lavada pelo sangue expiatório e cujas intenções passaram pelo cadinho da verdade. Não se mede pela pompa, pela posição ou pelo verbo adornado, mas pela coerência entre o invisível crido e o visível vivido.
Não há como haurir santidade de um solo conspurcado. A raiz que floresce em lama, ainda que traga perfume, não é pura — é anomalia.
“Sede santos, porque Eu sou santo” — não é metáfora: é um imperativo celeste (1 Pedro 1:16).
Que jamais sejamos faróis de névoa: visíveis à distância, mas inaptos a guiar.
Pense Nisso!
Cezar Jr Gomes
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