“O Silêncio Que Ficou”
Por Pr. Cezar Jr. Gomes
Há dores que não gritam. Apenas
ecoam.
Elas vivem no espaço entre o
que fomos e o que poderíamos ter sido.
É o som do relógio que não
para, mesmo quando a alma implora por um instante a mais.
Não dói apenas o que aconteceu
— dói o que nunca chegou a ser.
E ali, no fim do corredor da
memória, jazem os dias não vividos.
As palavras não ditas.
Os abraços que não foram dados.
Os sonhos que não ousamos
sonhar por medo, ou por comodidade, ou por pensar que o amanhã sempre viria.
Mas o amanhã não veio do jeito
que esperávamos.
E agora, o que temos não é
tempo — é lembrança.
Não é estrada — é rastro.
A solidão, então, não é apenas
estar só — é saber que ninguém pode viver o que deixamos de viver.
É caminhar entre rostos e não
encontrar olhos que nos conheçam por dentro.
É estar presente no corpo e
ausente na alma.
A angústia, essa sim, nos
aperta o peito.
Ela vem como quem cobra uma
dívida que não foi feita com dinheiro, mas com decisões.
E a moeda? O tempo.
Mas o tempo, esse mestre
severo, não aceita trocas nem devoluções.
Quisera eu voltar.
Mas voltar não é mais possível.
A estrada que foi deixada para
trás se desfez em pó.
Agora, resta o hoje — e uma
alma cheia de “e se...”.
Mas mesmo assim, em meio a tudo
isso, há um fio de luz:
Deus ainda está aqui.
E Ele, que vê além do que somos
e conhecemos, ainda pode dar sentido ao que restou.
Porque, às vezes, uma vida
inteira cabe em um instante de arrependimento verdadeiro.
E mesmo que não possamos
voltar, podemos começar — com dor, sim, mas também com fé.
Porque enquanto houver fôlego,
há esperança.
Pense nisso!
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