10 de março 2018

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quinta-feira, 24 de julho de 2025

"Altares em Perigo e a Palavra Perdida: Um Diagnóstico Eclesiológico da Espiritualidade Emudecida"

 "Altares em Perigo e a Palavra Perdida: Um Diagnóstico Eclesiológico da Espiritualidade Emudecida"

 

Nos corredores sombrios de uma espiritualidade corroída pela liturgia automatizada e pelo culto à performance, ecoa um clamor silenciado: os altares estão em perigo, e a Palavra, antes central, agora jaz esquecida dentro da própria Casa. O que deveria ser trono de glória converteu-se em palco de vaidade; o púlpito, de onde fluía o conselho eterno, tornou-se palanque para o ego.

 

Tal fenômeno, embora revestido de aparência piedosa, é reminiscente do drama narrado em 2 Reis 22, onde, após anos de negligência sacerdotal, a Lei do Senhor foi redescoberta dentro do próprio Templo. A revelação é, ao mesmo tempo, escandalosa e simbólica: a Palavra estava perdida onde jamais poderia ter sido esquecida. O Templo, suposto guardião do oráculo divino, tornara-se cemitério de revelações.

 

Altares em perigo não são apenas estruturas físicas ameaçadas por infiltrações ou abandono arquitetônico. São representações metafísicas da fragilidade da adoração autêntica, comprometida pelo secularismo disfarçado de liturgia. A oferta perdeu seu sangue, o incenso perdeu seu aroma, e os olhos perderam o temor. Oferece-se fogo estranho com vestes santas, e as mãos consagradas agora manipulam a Palavra como retórica, não como espada.

 

A ausência da Palavra — não em livros, mas no centro do ser — sinaliza a eclipse teológica do nosso tempo. Pregações antropocêntricas substituíram a exposição reverente das Escrituras. O culto tornou-se ensaio teatral, e a adoração, espetáculo estético. Com isso, erguem-se altares que Deus não reconhece, pois foram construídos para homens, não para Ele.

 

O altar em perigo denuncia uma adoração desorientada. A Palavra perdida evidencia um povo sem direção. A Casa continua cheia, mas a Glória já partiu — Ichabod. É necessário que, como Josias, rasguemos não apenas as vestes, mas os corações. Que choremos não por nossos projetos frustrados, mas por termos perdido a Palavra no lugar onde ela deveria ser a única voz.

 

Este é um chamado urgente, não a reformas estéticas, mas a reconstruções espirituais. A restauração dos altares não começa com luzes, microfones e adornos, mas com arrependimento, temor e centralidade da Escritura. A Casa deve voltar a ser lugar de Palavra e Presença, onde o altar não é palco, mas monte santo.

 

PENSE NISSO!

 

Por: Cezar Jr Gomes

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